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  • Foto do escritorFrederico Aburachid

ESG, COMPETITIVIDADE E RECONHECIMENTO.

Atualizado: 28 de fev. de 2021



Um evento realizado na Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais há aproximadamente 10 anos, contando com a participação de líderes industriais, autoridades políticas e acadêmicos, de que tive a honra de participar, permitiu antever os fatores que levariam às empresas tornarem-se competitivas nos próximos 30 anos.


A conclusão do evento destacou a importância do “ESG” (do inglês Environmental, Social and Governance), que significa ambiental, social e governança em português. Cada empresa deveria comprometer-se a progressivamente implantar gestão e processos alicerçados nos referidos fatores. Sem isso, as empresas estariam fadadas ao fracasso em um mercado cada vez mais competitivo, conectado e com consumidores ainda mais informados e exigentes.


Passados 10 anos, o prognóstico tornou-se realidade. Ser competitivo exige ser sustentável, transparente e comprometido com fatores positivos para a sociedade. Mais que uma obrigação legal, a adesão das empresas à essa realidade tornou-se condição de ingresso, permanência e crescimento no mercado.


Conforme dados divulgados pela XP Investimentos, existem no mundo mais de US$30 trilhões em ativos sob gestão de fundos com estratégias sustentáveis, sendo US$14 trilhões apenas na Europa. Todos esses fundos definiram como critério para alocação de recursos que as empresas tenham compromissos aliados aos fatores ESG.


A XP Investimentos registra, ainda, que uma pesquisa da Nielsen, de 2017, concluiu que 81% dos consumidores acreditam fortemente que as empresas devem ajudar a melhorar o meio ambiente e que mais de 60% dos consumidores estão muito ou extremamente preocupados com a poluição do ar, da água, uso de embalagens, resíduos de alimentos etc.


A Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgou pesquisa, em 2020, cujos resultados são ainda mais expressivos. De acordo com a amostra de 2.000 entrevistados, 98% dos brasileiros se dizem preocupados com o meio ambiente. Dentre eles, 77% estão muito preocupados, 17% se dizem mais ou menos preocupados e 4% pouco preocupados. A pesquisa foi realizada pelo Instituto FSB nas 27 unidades da Federação.


Como se não bastasse, o Índice de Sustentabilidade Empresarial, no período entre a sua criação em 2006 até 2020, apresentou uma alta de +269% no valor das ações, correspondendo a +67pps acima do próprio Ibovespa.


Os princípios “ESG” não correspondem a um modelo engessado. Pelo contrário. Deve ser interpretado como dinâmico e coerente à realidade de cada local, empresa, setor econômico, dentre outros aspectos.


Em síntese, os fatores ambientais são identificados pelos impactos da atividade empresarial nos recursos naturais, por meio, por exemplo, da emissão de efluentes atmosféricos, geração e destinação de resíduos, eficiência energética, exploração dos recursos ambientais etc.


Já os fatores sociais espelham as relações e compromissos da empresa com as pessoas, colaboradores, fornecedores, clientes e a comunidade em geral. A sua política nas relações de emprego, grupos minoritários, capacitação, critérios de inclusão e respeito à diversidade.


A governança traduz, por fim, as regras de integridade, processos decisórios independentes, grau de transparência e ética na gestão, acesso à informação, criação de ouvidorias, auditorias, dentre outras.


Em todo o mundo, a realidade do ESG nas empresas é cada vez mais forte. Como dito, mais que uma obrigação legal ou mera ferramenta de marketing, a adoção desses fatores tem revelado maior alocação de recursos de investidores, redução de custos operacionais, acesso a um número maior de fornecedores e mercado consumidor, redução de passivos e maior segurança da atividade, além de ampliar o grau de comprometimento de colaboradores etc.


É crescente a contratação de relatórios de sustentabilidade (individuais e setoriais), práticas de compliance empresarial, auditorias e certificações sobre emissão de carbono, solução de controvérsias extrajudiciais e outras participações ativas da iniciativa privada em favor da sociedade.


Essa tendência do mercado, ainda mais escancarada pela crise sanitária e econômica global, bem como em virtude dos efeitos das mudanças climáticas, impulsionou não apenas a iniciativa privada, mas também o setor público, como se verá nos próximos anos.


O Brasil caminha a passos largos na direção do ESG, especialmente através de grandes empresas. A título de exemplo, há players como NATURA, AMBEV, LOCALIZA, MARFRIG, USIMINAS, VALE dentre outras. Cada uma com o seu grau de ações associadas a esses fatores.


Saibamos todos assumir e compartilhar nossas responsabilidades para o bem das gerações presentes e futuras. Ser ESG é ser competitivo no mercado, mas também credor do reconhecimento coletivo de sua função social. Os números do mercado já confirmam essa assertiva.


ABURACHID, Frederico José Gervasio. “ESG”, competitividade e reconhecimento. Belo Horizonte, 2021.



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